Não fique preso ao passado!

O terremoto de Lisboa
Luiz Marins

Dizem que passado o terremoto de Lisboa (1755), o rei Dom José perguntou ao General Pedro D’Almeida, Marquês de Alorna, o que se havia de fazer. Ele respondeu ao rei: “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.

Essa resposta simples, franca e direta tem muito a nos ensinar.

Muitas vezes temos em nossa vida empresarial e mesmo pessoal, “terremotos” avassaladores como o de Lisboa no século XVIII. A catástrofe é tão grande que perdemos a capacidade de raciocinar de forma simples, clara e objetiva. Esses “terremotos” podem ser de toda ordem: um lote de produtos com defeito que foi de nossa indústria para o mercado; produtos contaminados que não conseguimos detectar; erros incorrigíveis em relação ao nosso melhor cliente; uma doença inesperada ou uma separação ou morte, etc, etc. Todos nós estamos sujeitos a “terremotos” na vida. Quem está vivo sabe que há “falhas geológicas” sob nossos pés e que podem gerar um tremor a qualquer instante sem que estejamos preparados. O que fazer?

Exatamente o que disse o Marquês de Alorna: “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”. E o que isso quer dizer para a nossa vida pessoal, empresarial e talvez até para nosso País?

Sepultar os mortos significa que não adianta ficar reclamando e chorando o passado. É preciso “sepultar” o passado. Colocar o passado debaixo da terra. Isso significa esquecer o passado. Enterrar os mortos.

Cuidar dos vivos significa que depois de enterrar o passado, temos que cuidar do presente. Cuidar de quem ficou vivo. Cuidar do que sobrou. Cuidar do que realmente existe. Fazer o que tiver que ser feito para salvar o que restou do terremoto. Recomeçar. Cuidar dos vivos.

Fechar os portos significa não deixar as “portas” abertas para que novos problemas possam surgir ou vir de fora, para que novos terremotos não nos tomem despreparados. Significa manter o foco no “cuidar dos vivos”. Significa concentrar-se no negócio, concentrar-se na reconstrução, no novo e evitar que novos terremotos voltem a nos destruir.

É assim que a história nos ensina. Todos nós, por certo, teremos na vida um terremoto. E quando ele passar, não se esqueça: enterre os mortos, cuide dos vivos e feche os portos.

Até ao nosso sofrido Brasil valem as lições do Marquês de Alorna. Passado todo este “terremoto” em que estamos, talvez a melhor lição seja mesmo “enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.

Pense nisso. Sucesso!